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"A alma feliz ou triste dança" |
Certa de que
serei sempre imperfeita, recitarei
versos imperfeitos, para imperfeitas pessoas, de cabeças imperfeitas e almas
pouco inteligentes, assim como eu.... e recitarei a ausência do que sou, e a
apresenta do que nunca serei, imperfeita nascerei, imperfeita viverei e
imperfeita morrerei
só poderia
expulsar dos meus dedos
longos e indecisos
duvidas..
e minha cabeça
trilhará caminhos tortos, e sem propósitos
Porém eu me
iludirei de que tudo é fato, imutável, para seguir acreditando que a minha
preguiça de viver é normal, que a minha falta de vontade de crescer é uma coisa
perfeitamente bela, serei normal assim?
Certa de
que serei sempre uma alma grande presa num corpo pequeno, viverei com medo de
morrer, mesmo sabendo que a morte é a libertação das minhas dores, dos meus
medos e das minhas angustias, mais me angustiarei com a morte por que me
convém,
Me convém
mirar os que me miram e não se importam comigo, mais me
importarei com o que essas cabeças não-pensantes me
disserem,
Serei
estúpida a tal ponto de me vestir, como todos se vestem, serei robótica a tal
ponto que assistirei os mesmos capítulos que todos fazem, e serei
religiosamente dogmática para passar desapercebida minha duvidas referente a
deus
Esconderei
segredos que todos escondem para parecer única, mesmo sabendo que nunca serei,
nasci de um sonho, ou da falta dele, mais vingarei, por que o corpo é duro e
seguirei inabalavelmente escrava, indubitavelmente serei um produto do meio até
um dia em que eu possa pensar por mim mesma....aah.....
Pensar por mim
mesma? Como poderia pensar por mim mesma depois de passar toda a minha vida
sendo influenciada, pelos monstros do lado de fora de mim ?
Monstros que me
dopam, me oprimem e me reduzem sempre a aquilo que eu não sou? Sou obrigada a
ser vasura, obrigada a ser o resto de tudo, e serei feliz? Quem sabe um dia a
felicidade bata a minha porta me mostrando os sonho.... e talvez eu me espante
com tanta utopia, e enlouqueça sedenta dessa realidade torpe e imunda,
Estrañarei
soldados que marcham com a cabeça de papel, e lutam pelo ideal do massacre,
maquinas de fazer papeis ? o que vocês estão fazendo agora? Cuspindo em nossas
caras pequenas? Somos tanto quanto todos... iguais na vida, iguais na morte, e
iguais no meio também porra !!! somos o resto de tudo e criamos resto, por que
vivemos deles....
utopia dos céus,
levantai-vos e olhai sobre nós ....
temos
fé....cega;
realidade...cega;
amor...cego;
e viveremos
mudos falantes, e catalépticos, e eu que já não recebo mais cafuné dos meus
pais, me amparo nos braços da solidão amiga, companheira insensível assim como
eu.... cruel ? realismo? Mentira? Loucura? Mais... o que tentamos definir? Que
cargas d´agua faço eu do que não sou ? indubitavelmente
preguiçosa, mente que não funciona....
abro meus olhos,
e não acordo....... sonho, o que vem depois da cama, é !!? será!!? Ou foi!!?
A realidade é o
que eu acredito,
As vezes
acredito que sou triste, ou feliz, ou falsa, ou verdadeira, ou mãe, ou filha,
mais quando me olho REALMENTE vejo o quanto não sou NADA, um profundo e incompreensível
NADA, e essa “realidade” talvez nem
exista.
(Luz Marques)
10/08/2012