terça-feira, 27 de maio de 2014

A POESIA

De todas as poesias,
que já li, escrevi,
ou recitei,
você é a mais suave e mais intensa,
 a mais rápida e mais lenta,
  a mais distraída e mais atenta,
das poesias que já me apaixonei,
 e você é mais do que somente isso...
você é o imaterial e o infinito,
temporariamente passeando pelo plano carnal
espalhando o bem e o imortal...
 
*Dedicada a amiga imaterial Taíssa Cazumbá
luz marques
27/05/2014
 
 

segunda-feira, 26 de maio de 2014

NESSE DIA CINZA

 Nesse dia cinza
Quase bucólico
Sofeja uma musica tardia
Confesso que dá vontade
De chorar
E até medo
Vem aí o trovejar
Anuncio de chuva... eu reclamo !
Mas... quando você troveja, meu pretin
Eu amo
E mais a sua chuva,
E o seu desaguar
E temo de pensar em suas esquinas
HOMEM-MENINO-DE-ERROS-ACERTOS
Tem mortes lá atrás,
Saudades de quem jaz
Amigos que enlouqueceram
Amores que se perderam
Crianças que não cresceram
Plantios que não colheram
Embora... Hajas colhido...
Tudo o que hás plantado
Mas... também amo essas esquinas
Por que nelas há verdades
Vidas, valores, amizades
Certamente também, algumas vaidades,
Eu sou rio... e sorrio
Quando meu homem troveja
E me deságua, eu crio asas
É que tudo em você
Me completa
Minha meta, minha seta,
Minha música mais perfeita.
 
25/05/2014
Luz Marques
 

BAOBÁ


Dez voltas dei ao baobá
Pra um destino de escravidão
De amargura,
De tristeza,
De desgraça
De pesar...
Dez voltas dei ao baobá
Mas tudo veio comigo
A saudade do humilde abrigo
A lembrança da cativa a me embalar
Ah! Eu enlouqueci !!
...me perdi de mim
Me perdi da minha prole
Tanto sofrimento...
Tanto horror
Tanta desesperança.... DESGRAÇA !
Mas, hoje...hoje se me levanta uma nova era
Hoje pousa em minha fronte
A razão, e a consciência
Pensas que não sei  DEMONIO BRANCO ?
Pensa que não conheço suas armas,
tendo na voz uma navalha, que me dilacera por dentro ?
por que TU DIVIDES e tu SEPARAS
escuto que meu corpo é pra servir
e que minha mente é pra perpetuar essa discórdia...

                                         BASTA !!

Todas as pretas são minhas irmãs,
 todas elas, de qualquer tom
eles... eles também são meus !
são todos meus.... irmãos, meus primos
minhas tias, meus tios
todos os pretos velhos são meus avôs
e todos os meus mortos
estão comigo a me abençoar
agora, a lembrança do baobá
não está mais a me atormentar
mas, a me conscientizar
as correntes do medo
foram quebradas
Aurora! Madrugada!
Diga ao povo de lá
Que dez mil voltas se dê ao baobá
Ninguém consegue nos separar
Somos quilombos, favelas,
Aldeias...
Aglutinações de negritude,
Que poreja DIVERSIDADE.

Luz Marques
 
 

 

 

 

BAOBÁ 2


O BAOBÁ,  UMA ÁRVORE MILENAR
QUANDO MORRE, DEITA POR CIMA DA PROPRIA SORTE
DELA, DAS RAIZES AO TRONCO SE PODE APROVEITAR
NA ÁRVORE DA VIDA, QUE DENTRO ABRIGA, A MORTE
DEPOSITÁRIO DO ESQUECIMENTO
QUANDO O DEMONIO BRANCO
NUM ATO DE TIRANIA E HORROR
MANDA O POVO DE COR, ACORRENTADOS
DAR VOLTAS , E AO MESMO TEMPO NEGAR-SE
COMO SER HUMANO, SEM RAIZ
DIANTE DA SUA HISTORIA E DE SEU PAÍS...

(Luz Marques)

SEXO FRÁGIL


O meu feminismo tira a sua tranquilidade
fere a sua virilidade,
até o seu ego masculino?...
aí eu faço aquela moqueca,
deixo sua roupa limpinha,
cuido das crianças
e sacio até a sua sublime vontade
de ejacular...
aí sim!
Sou sua mulherzinha
Florzinha, princesa
Bonequinha, rainha
Pois bem!
O amor é troca...
Ah ! Não sabias meu bem ?
Não sou sua mamãezinha!
Não sou seu neném !
Sou a força sublime
Que move a terra
Aquela que pari o mundo inteiro
E que mesmo sem privilégios
Reluz, e é Luz
No planeta Y
Onde até o deus é homem
Mesmo sendo a mãe terra
Que da vida aos frutos...
Agora, reflita mais!
Por que a mulher que pensa
Pra você é o satanás ?
E olha, que isso não me ofende
Tampouco me assusta
Já fui reprimida pra ser santa
Já fui queimada como bruxa
Hoje em dia o nome é puta,
Para aquelas auto suficientes
que não veneram o deus pênis
Ora caia na real!
Nossa natureza é cabal
E para ser mais precisa
Lhe digo que não se aflija
E que tudo é bem igual
SEXO FRAGIL ! 
Que nada é pacoada .
Levante do seu trono,
Você não é meu dono
Lave suas roupas e
Cuide das crianças,
Pois quando sou Eu que trabalho
Assumo todo esse recado
E assumo toda a minha luta
Cuidado,
Pra não virar um velho insosso
Na frente da T.V.
Escravo do velho mundo machista
Que só tem direito a cair na farra
Já a mulher, se for, cai na fala...
Se liga, rapaz acorde!
Reflita mais sobre você,
Afinal, protegido no seu mundinho privilegiado
o SEXO FRÁGIL sou EU ou VOCÊ ?

Luz Marques


ME BEIJA


Me beija na boca
Me beija no peito
Me beija o pescoço
E também no queixo
E desce, bem logo
Mas bem devagar
Me beija a barriga
Pra variar...
Também no umbigo quero sentir
Sua boca carnuda a me despir
Eu quero sua mão
No meu coração
Minha boca na sua
pulsamos então
também eu te beijo
te mordo também
passeio minha língua
no seu vai e vem
te deixo molhado
e fico também
meu corpo ao seu toque
se faz de refém
meu corpo, seu corpo
uma obra de arte
gozamos poemas
uma só carne
um último beijo
do nosso namoro
dois olhos que ardem
mas beijos de novo ... hum!......

Luz Marques


 

IDENTIDADE QUILOMBOLA


Minha identidade  é quilombola
A minha vida não é a sua
Quem troca um pão fica com pão
Quem troca uma ideia fica com as duas

 
Troco essa ideia pra te mostrar
Que a realidade não de desculpas
Se tu é preto, imponha respeito
Com sua história e sua luta
Não abaixe a cabeça, resista a pressão
A África vive  no seu coração


Invadem nossa terra, não nos deixam plantar
Matam nosso velhos, não nos deixam estudar
Espancam nosso povo, querem nos traumatizar
Mesmo com armas na cabeça
O QUILOMBO VAI LUTAR !!


O sistema só cria ratos querem nos alienar
Botando o preto contra o preto, somos nós aqui morrendo
Eu digo:_ PAREM DE MATAR! Somos um, somos irmãos
Os brancos tomando champagne , e quem protege é o “preto cão”
Não nos veem como irmãos, somos todos inimigos
Mas plantando consciência o quilombo vai resistindo ...
Eu grito:_ PAREM DE MATAR !
PAREM DE MATAR, PARÉM DE MATAR
O nosso povo quer plantar
A luta vai continuar

 
QUILOMBO RIO DOS MACACOS
Está sendo destruído, crianças traumatizadas
Adultos sucumbido, com medo do amanhã
Com medo de serem vistos, pelas sete lanças brancas
Que apontam o inimigo:
_”tapa na cara da mãe de família
Destruam as casa
Anulem suas vidas
Tirem os rios
Calem crianças
Disseminamos ignorância”


É o sistema cruel que está aqui, privam oportunidades
Querem nos reduzir, mas o quilombola sabe
Na resistência se unir
Estamos de olho de de quebrada, a nossa lei é resistir

Porque?


Invadem nossa terra, não nos deixam plantar
Matam nosso velhos, não nos deixam estudar
Espancam nosso povo, querem nos traumatizar
Mesmo com a faca no pescoço

O QUILOMBO VAI LUTAR !!
 

A nossa arma é consciência, conhecer é transformar
A identidade é quilombola, não vamos negociar
O rio é nosso, a terra é nossa, mas é o branco que domina
São os porcos bem fardados, que exercem sua ira
Querem água dos rios, para encherem suas piscinas
Querem água do rio, para encherem suas piscinas


Minha identidade é quilombola
A minha vida não é a sua
Quem troca um pão fica com pão
Quem troca uma ideia fica com as duas
 

O medo não vai impedir de sonhar
O medo não vai impedir de lutar
O medo não vai impedir de gritar
Por que pior do que o medo é conseguirem nos calar !
Eu rogo: _ PAREM DE MATAR !!
Parem de matar, parem de matar
O quilombo quer plantar !!
Semear, espalhar, difundir, propagar !!
 

NA HORA DE APANHAR, NOS BATE
NA HORA DE MORRER, NÓS MATA !


 

 

 

NOS DIAS MAIS DISTANTES



 Nos dias mais distantes de mim
Eu pulo no vento
E é o vento que em comanda,
Por tanto não temo a próxima porta
O próximo dia será maravilhoso
E se não for é por que tinha que ser...
E isso há de me bastar e isso há de me mover
Mover minha vida para perto do que eu quero
E do que jugo melhor
Isso, não é tarefa fácil
Carpir seu próprio plantio
Nos amamos em qualidade
Nos aceitamos em defeitos,
E sempre nos queremos mais e mais
Em nossa totalidade
Aun que absurda
E eu sou tanto quanto minha consciência
Me permita ser
Além disso, sou poeta,
E o vento nunca há de me bastar.

 Luz Marques
18.02.2014

TE AMAR


 Nas vezes em que eu vi o sol,
nas vezes em que o sol me viu
algumas vezes me esquentava
algumas vezes tremi de frio
e o meu corpo sempre rio
já não sabia quem amar
e o doce salgou minha vida
como amar o mar viajar...
nas noites que a lua me viu
nas vezes que eu via a lua
deixei meu corpo nu
pulsando minha alma nua
algumas vezes me coloria
meu arco-íris pintando magia
e eu cada vez envolvida sorria
com a sedução natural do meu corpo
em cada vento que corre solto
o beijo que me deixara forte
sobressaltos norte em pleno deserto
no meio do pó levantado
cada vez se via mais
seu sorriso lisonjeiro
me envolvendo por inteiro
como ingênuos animais
me fizeste tua cativa
teu amor em minha vida
me fazendo, ser do que sou, um muito mais
 
Luz Marques.