Um dia me ensinaram que pra "ficar bonita", tinha que sofrer
Espicha cabelo com ferro, arma penteado, passa laquê
Mas antes, alisem !! tá pensando o que ?
Permanente afro, bigudinho, alisado
Escovinha, pranchinha, cabelos domados
O importante é ninguém perceber, o natural
Quem vai te querer com um cabelo asssim ?
Ruim, carapinha, de bucha, duro, de palha, capim ?
É... me bastou olhar pra trás
E pra meu próprio umbigo
E ver a crueldade que fizeram com ela e comigo
Meu cabelo natural é minha coroa
Meu turbante imperial, e descrimina
O preto do branco
O joio do trigo
Pretas mulheres, meninas
Pretos homens, meninos
Empoderem-se com seus cabelos originais
Mas vamos para além da moda
E desfazer essa lorota
De se assumir por consumismo
Sem compromisso com a verdade
Ainda tem o branco que agora se enfeita de preto,
Esbanjando vaidade
Um dia, nos ensinaram uma mentira,
Que era feio ser preto
Como pode o colonizador agora falar de preconceito ?
Sem preceito, só conceito separatista
Me cansei do seu papo elitista
Amo meu cabelo ancestral, natural, desigual, A REAL !
E você que "sobe na vida" prostrado nos meus ombros
Em vez de me homenagear usando turbantes
Vem comigo pro tronco,
Vem comigo pro tronco,
Sentir o sangue que o chicote expulsa das veias
Antes de tentar se apropriar da cultura alheia
Pra ludibriar, engrupir e vender
a imagem que na REALIDADE só quem é preto pode ter.
Luz Marques
17.01.2015
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