sábado, 17 de janeiro de 2015

RESPEITEM MEUS CABELOS... BRANCO!

Um dia me ensinaram que pra "ficar bonita", tinha que sofrer
Espicha cabelo com ferro, arma penteado, passa laquê
Mas antes, alisem !! tá pensando o que ?
Permanente afro, bigudinho, alisado
Escovinha, pranchinha, cabelos domados
O importante é ninguém perceber, o natural
Quem vai te querer com um cabelo asssim ?
Ruim, carapinha, de bucha, duro, de palha, capim ?
É... me bastou olhar pra trás
E pra meu próprio umbigo
E ver a crueldade que fizeram com ela e comigo
Meu cabelo natural é minha coroa
Meu turbante imperial, e descrimina
O preto do branco
O joio do trigo
Pretas mulheres, meninas
Pretos homens, meninos
Empoderem-se com seus cabelos originais
Mas vamos para além da moda
E desfazer essa lorota
De se assumir por consumismo
Sem compromisso com a verdade
Ainda tem o branco que agora se enfeita de preto,
Esbanjando vaidade
Um dia, nos ensinaram uma mentira,
Que era feio ser preto
Como pode o colonizador agora falar de preconceito ?
Sem preceito, só conceito separatista
Me cansei do seu papo elitista
Amo meu cabelo ancestral, natural, desigual, A REAL !
E você que "sobe na vida" prostrado nos meus ombros
Em vez de me homenagear usando turbantes
Vem comigo pro tronco,
Vem comigo pro tronco,
Sentir o sangue que o chicote expulsa das veias
Antes de tentar se apropriar da cultura alheia
Pra ludibriar, engrupir e vender
a imagem que na REALIDADE só quem é preto pode ter.
Luz Marques
17.01.2015


Nenhum comentário:

Postar um comentário